Essa frase usada de modo tão banalizado por aí ecoa cada vez
mais na minha cabeça e nas fibras do meu corpo.
Viver é perigoso, Riobaldo estava certo. Viver é autorizar as dores, as
alegrias, as efemeridades, os vícios e as fugas. Embora de idade avançada, eu cedi
essa autorização faz pouco tempo na minha vida.
É na terapia que aprendo que o arriscar é parte fundamental
de viver, e como todos os vovôs sabem: quem não arrisca, não petisca. Coloco na
conta dos últimos dois anos minha reorganização. Quem me disse que o
melhor é o seguro, estava mentindo. Quem me disse que é melhor um passarinho na
mão que dois voando, estava mentindo. A segurança e o controle me trouxeram fragilidade.
Todo dia sou eu acordando na vida para me fortalecer.
Agora eu entendo cada vez mais que sentir não é errado. Que precisar chorar não é fraqueza, recolher-me
para sentir minhas dores é o que me cura, meus desejos não são frescuras, eu
sou uma pessoa de verdade. Eu erro, falo alto, rio na hora errada, gaguejo
quando preciso ser firme, falo demais e tenho preguiça. Só eu posso chorar
quando estou triste.
Viver é perigoso, viver é horrível e delicioso. É bom estar
viva, é bom estar na minha pele, sorrir e sofrer do meu jeito.