domingo, 18 de junho de 2023

Viver é muito perigoso

 

Essa frase usada de modo tão banalizado por aí ecoa cada vez mais na minha cabeça e nas fibras do meu corpo.  Viver é perigoso, Riobaldo estava certo. Viver é autorizar as dores, as alegrias, as efemeridades, os vícios e as fugas. Embora de idade avançada, eu cedi essa autorização faz pouco tempo na minha vida.

É na terapia que aprendo que o arriscar é parte fundamental de viver, e como todos os vovôs sabem: quem não arrisca, não petisca. Coloco na conta dos últimos dois anos minha reorganização. Quem me disse que o melhor é o seguro, estava mentindo. Quem me disse que é melhor um passarinho na mão que dois voando, estava mentindo. A segurança e o controle me trouxeram fragilidade. Todo dia sou eu acordando na vida para me fortalecer.

Agora eu entendo cada vez mais que sentir não é errado.  Que precisar chorar não é fraqueza, recolher-me para sentir minhas dores é o que me cura, meus desejos não são frescuras, eu sou uma pessoa de verdade. Eu erro, falo alto, rio na hora errada, gaguejo quando preciso ser firme, falo demais e tenho preguiça. Só eu posso chorar quando estou triste.

Viver é perigoso, viver é horrível e delicioso. É bom estar viva, é bom estar na minha pele, sorrir e sofrer do meu jeito.

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