Ah, as mudanças que acontecem ao
completar 30 anos. Minha amiga se adiantou, e para evitar qualquer drama, disse
“os 30 são os novos 20”. Desde então, meu mantra.
Meu incômodo não está no pretexto
do fardo das obrigações. No fundo, até gosto de ter meus compromissos e de ter
que resolver problemas cotidianos, de certa forma provam minha utilidade no
mundo. O estranhamento é sentir como me sentia há exatos 10 ou 15 anos. Não
sei se é uma revolta psíquica, ou apenas a revelação da verdade absoluta, mas percebo que apesar das mudanças naturais que ocorrem na vida durante os vinte
anos, tenho na verdade os gostos e ideias de sempre, de modo que aprecio os
mesmos escritores ou estilos, gosto das mesmas bandas e, mais do que nunca, aceito
viver o dia trivial um pouco culpada, conversar sobre o que os outros me
propõem, para à noite, neste exato momento do silêncio, ser quem sempre fui, e
enfim visitar a página em branco, pesquisar entrevistas no Youtube,
reler aqueles capítulos de sempre que confortam ou me colocam em desespero.
Sim, sei que isso não é
exclusividade minha, creio que a maioria das pessoas deve se sentir de alguma forma
um pouco errada por dentro, um pouco sem saber como se expressar para o mundo
tal como se sente no íntimo, e assim criar a caverna do bem. É só que de
repente, precisei de trinta anos para entender que é assim mesmo, algumas
pessoas têm para sempre a carteirinha do clube dos desajustados.
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