sexta-feira, 12 de junho de 2020

La nem tão doce vita

     Desde que estamos nessa situação, vivo, assim como grande parte da humanidade, em constantes altos e baixos. Oscilações em relação a tudo praticamente:  produtividade, culpa, preocupação, consumo de informação, empatia e todas as outras coisas que estão relacionadas com o ser, e só.

    O mundo passou em poucos meses por diferentes estágios, talvez reflexos das nossas inquietações, pois do medo do vírus e estocamento de alimentos, para o relaxamento e momento de gratidão pela vida e, agora, o estágio panela de pressão -- em que pessoas vão às ruas demonstrar o descontentamento pelo curso que a humanidade tomou.

    Dito isso, e entendido que uma coisa leva à outra, porque é assim que o mundo funciona seja globalizado ou não, a maior inquietação de 2020 para mim é, de repente, compreender a forma que vivemos: a profundidade desse país, a falta de zelo por parte das autoridades e como uma mudancinha, na verdade, afeta milhares de pessoas. Eu sigo com um pouco de ranço da humanidade, mas seria injusto culpar somente os homens de agora.

    O questionamento que a minha cabeça não deixa de martelar é como que paramos nisso. Não estou falando de vírus, falo de algo abstrato que as relações humanas explicam. Como que uma sociedade pode se organizar de acordo com o que as pessoas têm? Como os "quarenteners" podem escrever a cada post "fique em casa se você pode"? Quando foi que a Humanidade ignorou que toda pessoa é uma pessoa, e isso já basta?

    Ouvi relatos absurdos e tristes sobre as filas dos bancos, assim como as filas das lojinhas. Eu, sinceramente, não consigo culpar ninguém. Eu entendo quem quer desesperadamente comprar um esmalte.

   É óbvio que esse texto não caminha para lugar nenhum, ele só cresce para mim nessa imensidão de sentido do que cada pessoa representa, que é injusto eu querer a minha vivência na vida dos outros, ninguém no Brasil-brasil foi treinado para uma situação dessas. Vivemos neste país há anos, chegamos juntos com os indígenas. E tudo o que fazemos é não dialogar com nossa realidade. Nisso, não apresentamos oscilações.  

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