sábado, 25 de novembro de 2017

Sobre telefones fixos


        O telefone fixo está ficando obsoleto, todos sabem disso e muitos comemoram. Há uma geração que afirma que odeia falar no telefone, e argumentam que mandar mensagem é tão prático e não atrapalha ninguém. É inegável que isso revela o nosso grau de sociabilidade, isto é, a nossa falta de sociabilidade, por isso parece que está convencionado em todas as casas brasileiras: se o telefone toca, diz que não estou, é do Santander.

        Quem usa o telefone fixo majoritariamente são os telemarketings, todo o meu respeito por esses trabalhadores que além de ter esse trabalho de vender, insistir e anotar o horário que a pessoa disse que estaria em casa, mesmo sabendo que isso tudo é uma lorota sem fim, eles ajudam a magia do telefone fixo se manter viva. O telefone tem muito charme: o mistério de saber quem está ligando, a chamada que não foi atendida a tempo e por isso se perdeu para sempre e o toque agonizante do ocupado.

      Lamento um pouco a substituição do telefone fixo convencional por outros meios principalmente por causa das músicas escritas que envolvem o objeto. Ora, que maravilhoso que é a descrição do momento no qual se recebe uma ligação esperada, ou o ligar, do chamar, da expectativa da ligação e também todo o esforço subentendido: a ação de anotar o número em uma agenda física, por exemplo. Músicas que envolvem o telefone revelam naturalmente o esforço da pessoa, percebe-se que ela está falando sério, não é fingimento. Essas músicas têm uma áurea especial.


    Ouço as músicas que de alguma forma envolvem os telefonemas admitindo que nasceram retrôs (mesmo que seja de 2017) e são diferentes das outras, porque há uma ligação, do telefone fixo. 









    

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