O
telefone fixo está ficando obsoleto, todos sabem disso e muitos comemoram. Há
uma geração que afirma que odeia falar no telefone, e argumentam que mandar mensagem é
tão prático e não atrapalha ninguém. É inegável que isso revela o nosso grau de
sociabilidade, isto é, a nossa falta de sociabilidade, por isso parece que está convencionado em
todas as casas brasileiras: se o telefone toca, diz que não estou, é do
Santander.
Quem
usa o telefone fixo majoritariamente são os telemarketings, todo o meu respeito
por esses trabalhadores que além de ter esse trabalho de vender, insistir e
anotar o horário que a pessoa disse que estaria em casa, mesmo sabendo que isso
tudo é uma lorota sem fim, eles ajudam a magia do telefone fixo se manter viva.
O telefone tem muito charme: o mistério de saber quem está ligando, a chamada
que não foi atendida a tempo e por isso se perdeu para sempre e o toque
agonizante do ocupado.
Lamento
um pouco a substituição do telefone fixo convencional por outros meios
principalmente por causa das músicas escritas que envolvem o objeto. Ora, que
maravilhoso que é a descrição do momento no qual se recebe uma ligação esperada,
ou o ligar, do chamar, da expectativa da ligação e também todo o esforço
subentendido: a ação de anotar o número em uma agenda física, por exemplo. Músicas que
envolvem o telefone revelam naturalmente o esforço da pessoa, percebe-se que
ela está falando sério, não é fingimento. Essas músicas têm uma áurea especial.
Ouço as músicas que de alguma
forma envolvem os telefonemas admitindo que nasceram retrôs (mesmo que seja de
2017) e são diferentes das outras, porque há uma ligação, do telefone fixo.
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