Para aqueles que veem mais problemas do que eles realmente
existem, ou quando é preciso aliviar da dramatização particular, é natural
iniciar a busca pelos sinais irracionais de que as coisas mudarão. Eu sempre
pensei que isso fosse hábito de adolescente, porém, cá estou eu, na idade rotulada de adulta, usando das mesmas artimanhas.
Meu espanto não foi pequeno quando encontrei em Guerra e Paz o mesmo comportamento. Lá
estava o príncipe Andrei, no auge da sua vida madura, em mais um baile de Petersburgo, e totalmente fissurado
na beleza e personalidade de Natasha Rostóv. Na dúvida se deveria dar chance às suas ideias usou dessa maldita
tática: se ela voltasse da dança e falasse primeiro com sua irmã, é sinal de
que vão se casar. Batata, não deu outra. Até onde eu li, estão de casamento
marcado.
Todas essas pequenas apostas com o sobrenatural, digamos
assim, é a busca pelo conforto e, sobretudo, pelo desembaraço de não ter que se
fazer de ridículo e expor suas vontades a uma segunda pessoa. Então, na
crescente insegurança, começa-se esse jogo não muito saudável e que agora posso afirmar:
atemporal e universal.
De fato, andei desenvolvendo uns itens que a meu ver são
sinais de sorte (por enquanto creio que esse sistema tem disso de acumular):
1. Estar distraída, geralmente com pressa, e ser
obrigada a parar para ver o desenho de uma nuvem – caso contrário, desperdiçar
o desenho de uma nuvem traz azar.
2. Ir até um local por um caminho, voltar pelo
mesmo caminho e observar no chão as marcas do seu sapato no sentido contrário.
3. Acordar minutos antes do despertador tocar.
4. Estar em um local e aquela música lado B começar
a tocar.
5. Olhar para um poste no exato momento em que a lâmpada acender.
Ainda busco outros itens aleatórios que eventualmente atraem bons momentos. Por mais esquisito que isso possa parecer, acho que podemos acrescentar:
6. Ainda poder e querer identificar sinais de
sorte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário