A quantidade de tempo na vida que
passamos pensando sobre algo é muito maior do tempo que passamos realmente
entendendo alguma coisa dela. E na maioria das vezes, sabe-se a resposta, mas a refutamos.
Sempre me perguntei como seria
envelhecer. Sempre me imagino no futuro, que tipo de velhinha serei, quais
roupas usarei, se estarei enfim com as imensas estantes de livros ou se eles
ainda estarão amontoados numa sapateira que por necessidade virou biblioteca.
Esse ano entendi que envelhecer, ou, sentir-me adulta, não é sobre rugas, cabelo branco, nervo ciático e não saber mexer no Windows sem
menu Iniciar. Envelhecer é sobre sentir. Há alguns anos o mundo era o que
continua a ser hoje: pequenas e grandes vitórias, pequenas e grandes derrotas.
A diferença é que se lia algo, recebia notícias, ouvia as fofocas e bastava
tomar uma xícara de café, comer um pedaço de bolo, ou, se era sábado, um tanto de
vinho. No dia seguinte, era vida que seguia. Hoje, ouvem-se as notícias,
conversamos com os familiares, tomamos conta do que é viver com todas as
fragilidades pessoais, e ainda há que se mostrar lá fora. Sem
descanso, dar a cara ao sol. Percebi que não há café, não há sobremesa ou vinho. No dia seguinte, não
passa, acumula-se.
O ato de envelhecer está ligado
com o dom de se sensibilizar e não se recuperar tão rápido como antes. Todas as
notícias e acontecimentos nos atinge de forma diferente agora. No dia
seguinte, as emoções não zeram, elas acumulam. Pode parecer negativo, porque
pode soar acúmulo de sofrimento. No entanto, isso também pode ser humanizar-se,
compreender que a vida não é uma equação exata de emoções.
Luigi Ghirri, 1987 |
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